Outrora e num país normal, ultrapassar os dois meses à espera da constituição de um governo era sinal de alarme. Actualmente, e para mais considerando que se trata de um país com a reputação da Itália, esses dois meses podem ser uma banalidade. Mas os italianos guardam o segredo de uma certa forma de estar que é mais bombástica do que as das outras nacionalidades. Não é só o que os populistas italianos possam dizer em período de campanha eleitoral, é o que eles fazem depois de vencerem as eleições. Aquilo que na política tradicional se designa por assumir as suas responsabilidades parece ser algo que lhes passa completamente ao lado. Tanto assim que a resolução do problema da formação do próximo governo italiano parece ter caído, inteirinha, no colo do presidente da República Sergio Matarella, uma figura constitucionalmente fraca em Itália, mas que se agiganta em casos de vácuo do poder como o que parece estar a acontecer. Depois de anos a fio observando a multiplicação do fenómeno do voto de protesto, de que o exemplo culminante terá sido o Brexit do Reino Unido e a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, é caso para perguntar se não se caminhará para o refluxo, quando da constatação que muitas destas formações protestantes, descontado o estilo, também não parecem possuir quaisquer soluções para os impasses estruturais das sociedades modernas. O M5S italiano e os seus aliados estão a mostrar-se um exemplo acabado disso.
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