30 maio 2018

OS «RELATOS» COM UMA ESTRANHA RESSONÂNCIA À HISTÓRIA DE ANNE FRANK

Entre as coisas disparatadas que se argumentaram a propósito da discussão da despenalização da eutanásia, vale a pena destacar esta passagem de uma resposta avalizada pelo PCP, a uma sessão de perguntas e respostas que afixou on-line. Os relatos vindos da Holanda, onde a morte antecipada está instituída na lei, dão conta de idosos com maiores rendimentos que emigram para as zonas de fronteira com a Alemanha para evitarem a possibilidade de serem eutanasiados. Deixemos de parte - e não devíamos - a pertinência de questionar quem é que relata tais relatos. Esqueçamos a questão de se designar o país por Holanda e não por Países Baixos, quando eles, comunistas, ainda hoje se encrespam quando designamos genericamente por Rússia, aquilo que outrora foi o império russo, denominado União Soviética. E ultrapassemos a incorrecção semântica de ninguém emigrar quando permanece no país de origem. Mas, quem leia aquele magnifico parágrafo explicativo e conheça o enquadramento d'O Diário de Anne Frank, constata que a descrição relatada se assemelha cruelmente à perseguição dos judeus nos Países Baixos durante a Segunda Guerra Mundial, só que aqui reencarnados nos idosos e no perigo de serem eutanasiados em vez de exterminados. Remate de ironia final: pelos relatos a que os comunistas têm acesso, agora é a proximidade da fronteira com a Alemanha o indício de salvação, quando há 75 anos era daquele país que vinha o perigo. A sério: é demasiado estúpido para não se aproveitar dele o caricato.

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