12 de Maio de 1918. Spa é uma aprazível vila termal do Leste da Bélgica onde, durante a Primeira Guerra Mundial, os alemães instalaram o seu quartel-general para as operações na Frente Ocidental. Foi aí que teve lugar há precisamente cem anos a conferência que reuniu os dois imperadores dos impérios centrais - acima, numa fotografia desse dia, Guilherme II, com o identificativo pickelhaube prussiano à esquerda e Carlos I, também facilmente identificável pelo característico feldkappe austro-húngaro. Infelizmente para o segundo, o equilíbrio aparente que era granjeado pela exuberância dos ornamentos das cabeças (coroadas), não tinha qualquer correspondência com as realidades políticas e militares. Depois de quase quatro anos de conflito, o império austro-húngaro do imperador Carlos estava nas vascas da agonia e a prioridade passara a ser a de preservar a coesão do império por sobre a vitória. Em contraste, o império alemão de Guilherme II, que inicialmente quase dera um boi para não entrar na briga, agora via-se na situação do mineiro que dava uma manada para não sair dela. Com perspectivas divergentes, imperava a desconfiança entre os dois aliados, a que se somou aquela etiqueta tipicamente germânica - nunca nos esqueçamos dos exemplos bem recentes de Wolfgang Schäuble! - de nem sequer dissimular a animosidade durante a conferência. Considerada a desproporção do poder e, sobretudo, do ânimo para prosseguir com a Guerra, os alemães impuseram todos os seus pontos de vista políticos e militares, reduzindo a Áustria-Hungria à condição de um satélite contrariado até ao fim da Guerra. Outras três conferências, já sem imperadores, realizar-se-ão posterirmente no mesmo local em Julho, Agosto e Setembro de 1918, mas a cenografia do que se seguiria fora estabelecida por esta primeira: os alemães diziam como é que se havia de fazer, os austro-húngaros sabotavam as decisões alemãs com que não concordavam como podiam.
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