A edição de há 60 anos do Diário de Lisboa anunciava, sem o saber, o que se viria a revelar um sério abalo de um regime - o português - e os preâmbulos do que viria a ser o fim de outro - em França. A campanha eleitoral para as eleições presidenciais, que arrancava naquele dia, iria evidenciar uma dinâmica campanha de rua por parte da candidatura de Humberto Delgado, que chegou a ser capaz de transmitir a percepção que as eleições poderiam ser ganhas por quem não era suposto. Mas as crises políticas não afectam só as ditaduras: em Paris, a França, a braços com a Guerra na Argélia, tentava resolver a enésima crise governamental num regime que, concebido para se sustentar em maiorias parlamentares fluídas, o tempo, as circunstâncias e a prática transformara em maiorias parlamentares voláteis - a média da duração dos governos franceses depois de 1945 situava-se abaixo dos seis meses. No fim desse mês de Maio de 1958, de Gaulle assumiu o poder em França e o regime da IV República veio a ser substituída pela V República. Em 8 de Junho de 1958 realizaram-se as eleições presidenciais em Portugal e, mercê de uma colossal fraude eleitoral, ganhou quem era suposto, tudo continuou na mesma.
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