28 julho 2017

HISTÓRIAS SEM HERÓIS

O comentário irónico abaixo de hoje de Nicolau Santos sobre o desemprego fez-me lembrar um outro artigo de há uns dias, referente ao mesmo tema, os bons números do desemprego, mas os registados no Reino Unido, onde a taxa é metade da nossa (4,5%) e isso apesar de todas aquelas profecias consequentes do Brexit que se têm produzido de há um ano para cá. O que é aborrecido e incomum é que o problema que é levantado pelo jornal inglês se mostra estrutural: segundo o autor, como as estatísticas do emprego têm vindo a ser progressivamente tão adulteradas, agora atingem-se números que a teoria consideraria de pleno emprego e a realidade desmente-os: não há qualquer falta de mão de obra no Reino Unido, é tudo uma grande vigarice. Há uma interessante polémica nas páginas da publicação britânica em reacção a essa conclusão, mas isso parece-me o tipo de assunto que não interessa nada, nem a Nicolau Santos, nem aos seus adversários do outro lado da barricada. Como a nossa taxa baixou para 9% então é bom para Nicolau Santos, e como é bom para ele, os seus adversários do outro lado da trincheira ignoram-na. Mas se observarmos o assunto adicionando-lhe a perspectiva da notícia em inglês - os números serão fiáveis? - a história perde a piada: não tem herói nem tem vilão, os números serão uma fraude, a culpa não será exclusivamente do Costa nem do Passos Coelho. Martelar números do desemprego até os desacreditar e perderem o significado teve que resultar dos esforço continuado do aparelho do Estado por décadas, independentemente de quem ocupou sucessivamente o poder. É o tipo de tema que nem interessa discutir. Aliás, quando alguém sai da cenografia convencionada e faz uma crítica assim tão abrangente é porque é populista...

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