30 julho 2017

EM VEZ DE «APRESENTAR ARMA!», O «ARROCHAR» ARMA DO GUARDA DE HONRA

30 de Julho de 1987. Mesmo nos momentos mais tensos das relações bilaterais entre estados, o que se espera de qualquer país anfitrião é que ele acautele a integridade física de todo o chefe de estado (ou de governo) que o visite. Mais do que uma questão protocolar, é uma questão de reciprocidade e de princípio. Se a antipatia for tanta que não dá para assegurar a segurança do visitante, então a solução é simples: cancele-se a visita. Imagine-se por isso a surpresa como foram recebidas estas imagens que há trinta anos começaram a correr mundo. Uma banal revista a uma guarda de honra, uma cerimónia bocejantemente previsível, que se tornara... imprevisível e nada honrosa. O primeiro-ministro indiano, Rajiv Gandhi, acabara levando uma arrochada assestada por um marinheiro do Sri Lanka, o cabo Silva (logo um apelido daqueles, para mal da reputação da nossa presença por aquelas paragens...). Se este blogue prosseguisse com a sobriedade e o rigor informativo que foi o seu durante anos, seguir-se-ia uma explicação das razões para que o cabo Silva quisesse tanto mal ao primeiro-ministro indiano. Mas isso já se constatou ser uma opção que não cativa audiências, por isso vamos adoptar o estilo moderno e fazer como no Malomil, dando relevo ao lado humano da história, que é como quem diz, contar o que é que aconteceu ao gajo chanfrado, o responsável pelo exotismo do episódio - afinal ele há milhares de revistas a guardas de honra por mês e muitos participantes a cumpri-las de má vontade e de mau humor. Como se imagina, o cabo Silva acabou julgado num severo e muito publicitado Tribunal Marcial, condenado a seis anos de prisão dos quais cumpriu dois e meio, tendo recebido um perdão presidencial. Mudando o nome para Vijitha Rohana e falhada uma incursão na política, veio-se a especializar como astrólogo, o que não deixa de ser uma ironia. Para quem se crê vocacionado a adivinhar os destinos alheios como as cartas da Maya, Wijemuni Vijitha Rohana de Silva falhou desnecessariamente na previsão daquele que estaria destinado a Rajiv Gandhi: morrer assassinado num atentado suicida no seu próprio país, menos de quatro anos depois de lhe ter arreado com a espingarda. A verdade é que, se ele tivesse sido mais paciente ou presciente, ter-se-ia poupado a muitos aborrecimentos. Mesmo assim, e como é conhecido o seu empreendedorismo, as autoridades não brincam com as suas previsões: quando no principio deste ano o astrólogo Vijitha Rohana de Silva anunciou a previsão da morte do presidente Sirisena para um dia preciso (26 de Janeiro), por via das dúvidas prenderam-no, não se lembrasse ele de fazer qualquer coisa para que a previsão se concretizasse...

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