18 janeiro 2016

SOBRE A SÍRIA SÓ SEI QUE POUCO SEI

Os complexos mapas que vão sendo publicados sobre a situação militar na Síria são suficientemente elucidativos quanto à dificuldade em identificar as facções em confronto, quais as suas posições e as regiões que estão militarmente em disputa. Mas, melhor que esses na expressão da complexidade da situação, que já transbordou para o Iraque, só mesmo um gráfico que foi apresentado pela revista The Economist já há vários meses, onde cruzou as atitudes entre si dos diversos actores do conflito: são 14(!) actores, apesar de todas as simplificações ali feitas (os Estados Unidos e os vários países da União Europeia estão emparelhados, por exemplo, e o mesmo acontece com a Arábia Saudita e os vários países da Liga Árabe - ora isso não é propriamente verdade...). Claro que o potencial militar no terreno e o peso político daqueles 14 actores variarão enormemente, mas apercebemo-nos pelo panorama geral de como a constituição de dois blocos antagónicos, confederando por negociação os objectivos em dois polos rivais, se afigura mais do que problemática. Ao contrário do enredo clássico de um filme do Oeste, não existem apenas dificuldades para que os bons se ponham de acordo: os norte-americanos não vão deixar de embirrar com Assad e o seu governo e os russos não vão deixar de o defender; os maus do fundo do gráfico, a Al-Qaeda e o Daesh, antagonizam praticamente todos os outros actores, mas não será por isso que deixarão de rivalizar entre si quanto à supremacia de ser o pior. Sinceramente, acho que a maioria das notícias que nos chegam da Síria são assertivas demais para a situação que o esforçado gráfico da The Economist procurou sintetizar.

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