Mesmo tendo-se tornado num dos nomes consagrados no género (acabou especializando-se nas grandes batalhas da Segunda Guerra Mundial), Antony Beevor é um autor cujos livros, na minha opinião, alcançam resultados muito díspares que podem ir do muito bom, como o da batalha de Estalinegrado ou então o sobre Paris Após a Libertação (1944-49), ao banal com alguns erros pouco aceitáveis como A Segunda Guerra Mundial, até ao absolutamente maçudo, como o é o da batalha de Creta. As críticas que fui lendo indiciaram-me que este Ardenas 1944, sobre a batalha das ditas e publicado em 2015, pertenceria mais ao segundo grupo e decidi-me a aguardar pela publicação da versão portuguesa. Fiz bem. Não é um livro marcante mas também não é livro que deslustre numa colecção de livros dedicados à Segunda Guerra Mundial. Apesar do subtítulo da edição portuguesa (a última jogada de Hitler), creio que lhe falta um bom enquadramento da situação estratégica. Como costuma ser explicado repetidamente para o caso de Napoleão em Waterloo 129 anos e meio antes, naquela mesma Bélgica mas em 1815, também a posição de Hitler era desesperada e apenas a vitória tactica lhe poderia interessar; o empate tactico - que foi o desfecho alcançado tanto pelos ingleses em Waterloo como pelos norte-americanos nas Ardenas - representaria a derrota estratégica para qualquer dos dois ditadores aspirantes a dominar a Europa, atendendo à desproporção das suas forças em relação às coligações com que se defrontavam. Do ponto de vista estritamente militar, o interesse (de qualquer) da(s) batalha(s) é mediano; do ponto de vista da sua promoção com intuitos políticos é fundamental para as hegemonias sobre o continente que se seguiram (a britânica em 1815, a norte-americana em 1945). São muito boas algumas das fotografias inclusas no livro. Esta abaixo, onde aparece um enfatuado Bernard Montgomery a suportar um desdenhoso olhar de Dwight Eisenhower, é um interessante símbolo da tensão das relações entre Aliados e não seria fotografia para tornar pública enquanto a guerra durasse, mas para guardar para um futuro momento de arrefecimento nas relações anglo-americanas.
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