É em fotografias como esta que a fotografia consegue mostrar as suas capacidades mágicas de preservar e tornar eterna a estética de um momento. A fotografada chama-se Evelyn Nesbit e o fotógrafo norte-americano Rudolf Eickemeyer, Jr. A pose languida, mesmo sensual, como este último captou o seu modelo não é nada comum para a época em que a fotografia foi tirada. O leitor surpreender-se-á ao descobrir que quando isso aconteceu reinava em Portugal El-Rei D. Carlos I (que reinou de 1889 a 1908). Estava-se nos primórdios do Século XX. Na verdade Evelyn Nesbit, aqui fotografada no final da sua adolescência, nasceu no dia de Natal de 1884 e era quatro anos e meio mais velha do que pessoas como Hitler ou Salazar (nascidos os dois com oito dias de diferença em Abril de 1889), que nos habituámos a considerar como o paradigma de quem nunca foi jovem. Esta beleza fresca de Evelyn Nesbit representaria para a sociedade nova-iorquina dos primórdios do Século XX aquilo que no final do mesmo virão a ser as supermodelos, embora numa versão mais ingénua e necessariamente mais puritana. Cobiçada por um milionário (Stanford White), desposada por outro (Harry Kendall Thaw), a beleza de Evelyn teve o (duvidoso) condão de ter desencadeado um homicídio: em 25 de Junho de 1906, Harry Thaw, o marido legítimo, então com 35 anos, assassinou por ciúmes o (pretenso) amante Stanford White com 52 no terraço do Madison Square Garden. Evelyn tinha então apenas 21 anos. O caso fez estrondo: abaixo podem-se ler os cabeçalhos de um jornal nova-iorquino do dia seguinte. O julgamento do caso foi considerado pelos jornalistas o julgamento do século. Já então os jornalistas não faziam a mínima ideia do que era um século...
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