09 janeiro 2016

O «DISTINTOR» E O DISTINGUIDO

Nesta fotografia de princípios de 1945, o general Courtney Hodges, um dos principais comandantes do Exército norte-americano na Europa, condecora com a Silver Star um dos seus subordinados, o general Robert Hasbrouk que, no comando da sua divisão blindada, se distinguira durante a Batalha das Ardenas. A questão que dá interesse à fotografia é que o próprio Courtney Hodges é que não se distinguira propriamente durante essa mesma Batalha, mas, por razões que agora não vêm ao caso, mas que têm a ver com a rivalidade anglo-americana, os seus compatriotas (nomeadamente o comandante supremo, o general Dwight Eisenhower) não se mostravam dispostos a reconhecê-lo. Daí a importância da promoção desta fotografia, em que o alvo da promoção não é quem aparenta ser. Isto acontece muito mais vezes do que se pensa. Ainda recentemente foi notícia que um desconhecido Prémio Vasco Graça Moura - Cidadania Cultural havia sido atribuído a Eduardo Lourenço. Com 92 anos, a carreira que se lhe reconhece e os reconhecimentos que já lhe foram prestados, é simpático que o galardoado reaja com modéstia à sua concessão, mas há que constatar que não é o ensaísta que acaba mais distinguido do que já o é, são os jurados do tal Prémio Vasco Graça Moura - que está a ser concedido pela primeira vez - que estão descaradamente em busca de promoção para o prémio.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.