Sete meses antes das eleições legislativas, Pedro Passos Coelho deu uma entrevista ao Expresso, de onde o jornal aproveitou para cabeçalho a sua promessa de que se iria bater por uma maioria absoluta. Mais do que isso, de entre as ideias mais fortes então formuladas e destacadas para acompanhar o cabeçalho, estavam a de que não ter um governo estável podia ser um perigo e a de que não fechava porta alguma, nem sequer a um bloco central. Lembro-me que no momento a história da maioria absoluta foi levada pelos seus apoiantes e adversários políticos à conta de uma bravata. Mas, por esta vez, adoptemos o princípio salutar que o primeiro-ministro queria dizer aquilo que disse e que o Expresso destacou, e comparemo-lo com o que veio a acontecer posteriormente em Outubro, e que tanta celeuma levantou. Que se ia bater por uma maioria absoluta - e não a alcançou. Que não ter um governo estável podia ser um perigo - e isso viu-se logo na posse do seu, quando foi rejeitado. E que não fechava a porta sequer à formação de um bloco central - o que é difícil de aceitar quando participou nas negociações sempre com o CDS de arreata, atitude que em si esvaziava de propósito a centralidade do bloco a constituir. Quando os ânimos se acalmaram e já se terão interiorizado as frustrações de perder o poder, mas quando permanece a lucidez de reconhecer que a solução governamental encontrada é também extremamente frágil, aceite-se compungidamente que bem se pode aplicar a Pedro Passos Coelho neste caso o velho ditado popular: pela boca morre o peixe...
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