Ao contrário do que acontece com Ricardo Costa e com o Expresso que salta destemidamente para a praça e lida o touro dispensando o auxílio dos capinhas que pudessem dominar a matéria técnica sobre a qual discorre e evitar-lhe alguma baboseira mais evidente, o seu homólogo David Dinis no Observador mostra-se de outra geração e adopta um estilo mais resguardado, dando à notícia uma redacção mais sóbria, blindando-a das críticas com o material gráfico que as agências de notícias internacionais (no caso a France-Press) foram entretanto disponibilizando para os seus associados. Azar o deles, os do Observador, que neste caso a AFP se tenha prestado a um daquelas raras omissões que, com os erros, acontecem a todos o que por cá andam. O lapso é que , no local onde se vê inserta aquela setinha vermelha (clicar em cima do gráfico para o aumentar, a grande bola é a bomba Tsar a que já aqui me referi neste blogue) ficou a faltar assinalar o primeiro ensaio nuclear da Índia, que teve lugar em Maio de 1974 (abaixo). Teste subterrâneo baptizado de Buda Sorridente, terá sido um dos ensaios nucleares a quem deram um nome mais poético talvez para compensar as fotografias que pouco teriam de espectacularidade dado tratar-se de um ensaio subterrâneo; infelizmente e por contraste, do ponto de vista técnico terá sido até aí a mais desapontadora estreia de uma potência na era nuclear. Previsto para que a explosão desencadeasse uma potência presumivelmente superior, ela ter-se-á ficado pelas 8 kton de equivalente de TNT (o equivalente a ½ a ⅔ da bomba de Hiroxima). O que, por coincidência, se aproxima dos valores que estão a ser estimados para os últimos ensaios nucleares realizados pela Coreia da Norte (6 a 9 kton). Poderá não servir de grande consolo desconfiar que os norte-coreanos estarão em dificuldades para progredir na potência destrutiva do seu armamento nuclear, substituindo-as por retórica. Mas creio que é preferível assim do que o contrário. Tanto mais que, como se pode ver pelo gráfico acima da AFP, na próxima vez que a Índia realizou o próximo ensaio nuclear em 1998, dessa vez detonando uma verdadeira (mas pequena) bomba H, a potência do engenho que ensaiou, quintuplicara para as 40 kton...
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