31 janeiro 2016

SOBRE A ACEITAÇÃO DOS RESULTADOS DA VONTADE DEMOCRÁTICA DO POVO, SOBRETUDO EM LETRAS MAIÚSCULAS

«BUT THIS IS TERRIBLE - THEY'VE ELECTED A LABOUR GOVERNMENT, AND THE COUNTRY WILL NEVER STAND FOR THAT!»
Há 70 anos a separar estas duas reacções aos resultados de dois actos eleitorais, mostrando como, a nível individual, as atitudes podem não ter evoluído nem um bocadinho. A senhora que se indignava no chique Hotel Savoy de Londres a 26 de Julho de 1945 diante da clara vitória eleitoral dos trabalhistas após o fim da Segunda Guerra Mundial (de que depois se perdeu a identidade), não se distingue em muito da argumentação que se lê a Maria do Céu Guerra imediatamente depois das eleições presidenciais da semana passada (24 de Janeiro de 2016). Ser-se de esquerda ou de direita é irrelevante. Em ambas se constata a evocação de um país que terá uma opinião convenientemente diferente da vontade livremente expressa pelos cidadãos que fazem parte desse país, que existirá autonomamente do seu povo. No primeiro caso, prevê-se que essa entidade abstracta não irá aceitar a nova realidade (will never stand for that) apesar do resultado das urnas, no outro constata-se quanto ela perdeu a oportunidade de mudar, causando a perdição de todos. Com muito choro e letra maiúscula, grande sensibilidade, mas, parece-me, nenhum sentido Democrático, o verdadeiro.

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