Na última Quadratura do Círculo (SIC) ouvi José Pacheco Pereira referir-se (com uma atitude menos sobranceira do que lhe é habitual) ao Espada (João Carlos Espada) e à expressão bombástica que ele cunhou numa das suas crónicas jornalísticas mais recentes, o terceiro-mundismo. Tal desvelo surpreendeu-me, até me lembrar que a possível razão de tal deferência fosse a sua antiga parceria no Clube da Esquerda Liberal que os trouxe a ambos com outros (como Manuel Villaverde Cabral), vogando ao sabor do vento predominante da década das extremas-esquerdas radicais para as áreas políticas mais respeitáveis (a fotografia acima é de José Diniz). Esquerda Liberal revela-se uma associação improvável de conceitos, uma expressão que tem muito mais sonoridade do que consistência, jeito daqueles sonoros traques dados na casa de banho que até ecoam, mas que não nos constrangem porque dados no sítio apropriado. Tanto assim que, ultrapassada a fase de transição, José Pacheco Pereira continua de Esquerda mas deixou de ser Liberal e João Carlos Espada é um Liberal mas deixou de ser de Esquerda, aliás tem ocasiões em que, pelo que escreve, parece atacado de amnésia, esquecendo-se sem penitência que o foi e em que circunstâncias o foi. O episódio da referência de Pacheco Pereira foi passageiro, demora muito mais tempo a explicá-lo do que a ter acontecido, mas é significativo do círculo restrito em que parecem evoluir aqueles que consideramos as grandes figuras, ou como se diria de forma coloquial: Toda a gente já esteve próxima de (quase) toda a gente... (desconheço o autor da fotografia abaixo, mas posso datá-la entre 1990 e 1992, período auge do cavaquismo em que o secretário-geral do PSD era o já falecido Falcão e Cunha, ao centro da fotografia)
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