O que mais vale a pena ao evocar esta efeméride é realçar o erro da maioria das efemérides que costumam aparecer nesta data. É que a esmagadora maioria delas vai-se referir ao ataque a Pearl Harbor quando o que aconteceu de verdadeiramente importante é que o Japão desencadeou vários ataques em simultâneo. Repare-se como o Diário de Lisboa de 8 de Dezembro desdobrava os acontecimentos que haviam ocorrido do outro lado do mundo em quatro colunas na primeira página. A do lado esquerdo refere-se à invasão japonesa da Tailândia (Sião). As duas centrais referem-se aos acontecimentos ocorridos nos primeiros combates contra os britânicos, tanto na Malásia (Singapura), quanto na China (Hong-Kong). E só a coluna da direita é dedicada ao ataque desfechado contra os norte-americanos nas ilhas do Pacífico (Hawaii e Guam). No interior do jornal, onde o assunto continua a ser tratado em mais do que um local, o equilíbrio continua a ser semelhante (abaixo - Filipinas, novamente a Malásia). E, curiosamente, esta distribuição mostra-se muito mais consentânea com aquilo que acabara de acontecer do que a maneira como actualmente é evocada a data, despropositadamente reduzida ao que aconteceu em Pearl Harbor. Uma nota final a propósito da cobertura que o Diário de Lisboa fazia, antecipando o futuro da guerra que então se iniciava: aprecie-se o quadro abaixo comparando as forças navais presentes no Pacífico. É um quadro inútil¹ mas por ali se percebe que os Nunos Rogeiros já existiam muitos anos antes do próprio Nuno Rogeiro(!). E eram igualmente irrelevantes. Quanto à simplificação do dia 7 de Dezembro de 1941 ao bombardeamento de Pearl Harbor, foi só alguns tempos depois que a homogeneização dos norte-americanos sobre a propaganda, sobre os media e ainda um batalhão de filmes e séries sobre o tema que acabaram por reduzir a data de 7 de Dezembro e o ataque múltiplo do Japão à perspectiva limitada daquilo que ocorreu nas ilhas Hawaii.
¹ a) Alguns dos navios dos Estados Unidos naquela lista acabavam de ser afundados... b) A União Soviética (Rússia) não iria entrar em guerra... c) Falta adicionar ao quadro as forças navais britânicas, australianas e holandesas presentes no Índico e no Pacífico...
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