A PONTE SOBRE O RIO KWAI (2) ou BORIS JOHNSON, O MENINO QUE QUERIA UMA PONTE PARA O NATAL

Há cerca de dois anos publiquei um poste a respeito daquilo que nos parecia a todos ser um capricho de Boris Johnson, anunciando a construção de uma ponte conectando a Grã-Bretanha e a Irlanda. Como se explicava nesse poste, os desafios de engenharia eram imensos. Aquilo que de mais parecido se fizera naquela dimensão, fora uma ponte a conectar Hong-Kong com Macau numa extensão de 55 km, mas na embocadura de um rio, em profundidades que não ultrapassavam os 20 metros. Demorara nove anos a ser construída e custara 17 mil milhões de €. Boris Johnson andava a pensar num valor semelhante (15 mil milhões de £ = 17,5 mil milhões de €) para a construção de uma ponte de 25 milhas (40 km) entre a Escócia e a Irlanda, apesar das insistências generalizadas de que o projecto sairia muito mais caro, porque as características da ponte teriam que ser completamente outras. Mas o primeiro-ministro britânico ignorou-as e encomendou um estudo de viabilidade, estudo esse cujos resultados só vieram a ser publicados no mês passado (abaixo). Aos resultados não foi dada grande publicidade e, conhecendo o conteúdo, percebe-se facilmente porquê: as estimativas do custo da construção da ponte cifram-se nos 335 mil milhões de £ (392 mil milhões de €!), ou seja, representam 23 vezes mais daquilo que fora a estimativa inicial de Boris Johnson! Escusado será dizer o que aconteceu ao projecto. Mas vale a pena questionar o governo britânico se havia alguma necessidade de andar assim a despender tempo e recursos no que pareceu não ser mais do que um capricho infantil do chefe do governo, já que ninguém à sua volta pareceu ter a mínima ideia do que se estava a falar.