30 de Dezembro de 1971. Lembro-me perfeitamente da atenção que foi dispensada a esta experiência pioneira, patrocinada pelo município de Roma: nove dias em que os transportes públicos da capital italiana eram gratuitos, para ver se assim se desanuviariam os seus proverbiais engarrafamentos de trânsito. Muito embora a expressão italiana «fare il portoghese» (à letra, fazer-se de português = sacar uma borla) seja de indiscutível origem romana, descobriu-se com esta operação promocional que, passar-se por português, só terá piada para os romanos genuínos se a borla não se revestir de um carácter institucional, se nem todos se puderem passar por portugueses. A experiência, que teria tido um custo apreciável nas finanças municipais se implementada, veio a revelar-se um tremendo fiasco: à excepção das notícias da época, não encontrei outras referências a ela na internet. A gratuitidade dos transportes públicos não incentivava um significativo número de pessoas a prescindir de usar o seu automóvel quando das suas deslocações dentro da cidade.
Exatamente. A gratuitidade dos transportes públicos somente incentiva os peões a usá-los, mesmo para pequenas deslocações. Da mesma forma que a disponibilidade de bicicletas elétricas somente incentiva os utentes do metropolitano a deixarem de usar o comboio e passarem a usar ou meio de transporte elétrico - mas mais privativo.
ResponderEliminar