26 dezembro 2021

A PRIMEIRA VOLTA DAS PRIMEIRAS ELEIÇÕES ARGELINAS LIVRES

26 de Dezembro de 1991. Ao mesmo tempo que ocorria o fim do fim da União Soviética, os ideais vencedores da democracia, que haviam derrotado os do comunismo, preparavam-se para sofrer um rude golpe. Nesse mesmo dia, os resultados da primeira volta das primeiras eleições legislativas livres que ocorriam na Argélia, depois de quase 30 anos de independência, davam uma impressionante maioria à formação política islâmica, a Frente Islâmica de Salvação (FIS), com 47,3%. dos votos Em função destes resultados e considerando que o sistema eleitoral adoptado fora o de círculos eleitorais uninominais, com disputas eleitorais a duas voltas caso necessário (à semelhança do processo empregue em França), perspectivava-se uma esmagadora maioria da Frente Islâmica de Salvação na composição da futura Assembleia, depois da realização da segunda volta das eleições, marcada para dali a três semanas (16 de Janeiro de 1992). Ou seja, quando convocados a exprimirem-se por uma primeira vez pelos verdadeiros processos democráticos, os argelinos optavam maioritariamente por uma formação política que não garantiria a sua manutenção, caso alcançassem o poder. Como não era bem isso que os promotores das eleições estavam à espera, já não houve segunda volta. E, por esta vez, os grandes paladinos da promoção da democracia, o denominado Ocidente que acabara de ganhar a Guerra-Fria, com a França como antiga potência colonizadora em lugar de destaque em toda essa hipocrisia, não se mostraram particularmente indignados com o cancelamento da manifestação da vontade popular. Tornara-se evidente que, na Argélia e provavelmente em vários outros países do Terceiro Mundo, a expressão da vontade popular não era para ser considerado um valor absoluto.

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