Acima, à esquerda temos um artigo de opinião publicado hoje e da autoria de um senhor professor chamado André Lamas Leite, que é mais um dos artigos que ataca Rui Rio por causa do tweet que associa o folclore das notícias sobre a prisão de João Rendeiro ao ciclo eleitoral. Para mim, o ataque terá sido ao circo mediático e à incompetência dos jornalistas, mas o opinador preferiu interpretá-lo como um ataque ao aparelho judicial e à incompetência dos seus agentes. É um paladino, mas torna-se rapidamente num paladino ridículo. Ainda vai na quinta linha do seu texto e já está a qualificar de impecável o trabalho da PGR e da PJ na recaptura de João Rendeiro. Ora, para mim e para a maioria dos portugueses, digo eu, o tal adjectivo de impecável deveria ter ficado guardado para o caso de não terem deixado fugir João Rendeiro, o que aqui infelizmente não se pode aplicar... E, porque agora os jornais antigos já não desaparecem por ter servido para forrar o caixote do lixo, vamos recordar o que dissera o mesmo André Lamas Leite nessa sua mesma coluna de opinião, por ocasião da fuga do ora capturado Rendeiro (acima à direita). Nessa ocasião eu esperaria, por simetria e coerência de critérios, que o trabalho hoje impecável fosse originalmente qualificado de medíocre. Afinal, não nos podemos esquecer que só houve trabalho impecável porque nessa momento se havia feito um trabalho de merda deixando fugir o Rendeiro. Mas não. Até a prosa, tão contundente quando o alvo é Rui Rio, era nessa altura estranhamente condescendente: «os colectivos de juízes (...) deveriam ter estado mais atentos». «Se (...) tivessem elementos concretos (...) da hipótese de fuga.» Mas não tinham... e nem podiam ter, por várias razões ali expressas. Enfim, conclui-se que a opinião de Leite é mais um daqueles exemplos tão tipicamente nossos de que a culpa morre sempre solteira. Afinal, a comparação destes dois artigos constituirá uma das melhores constatações de uma passagem citada da moção de estratégia de Rui Rio, passagem essa que tanto parece incomodar André Lamas Leite e onde se refere que a justiça vive «com traços marcantes de corporativismo e não sujeita ao escrutínio público».
Em paralelo a isto tudo, parece que propositado para desclassificar as opiniões corporativas de André Lamas Leite, realce-se que há quatro dias - portanto ANTES do folhetim Rendeiro - o DCIAP publicou um comunicado oficial sobre o encerramento das investigações de nove anos(!) sobre o processo das negociações das PPP. Foram acusados três arguidos, dos quais dois antigos secretários de Estado de governos socialistas. As notícias já andavam por aí, mas o verdadeiro restolho mediático - que é o que interessa e que foi aquilo que Rui Rio verdadeiramente atacou no seu tweet - só hoje terá começado. E só para rematar, enquanto escrevia este texto, Manuel Pinho foi detido!
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