3 de Dezembro de 1971. Há cinquenta anos assistia-se ao início formal da terceira guerra indo-paquistanesa. Era uma guerra que estava perfeitamente anunciada, pelo menos desde a proclamação da secessão do Paquistão Oriental em Março daquele ano. As tropas paquistanesas continuavam a ocupar a província de Bengala Oriental como se ela se tratasse de uma dependência colonial, as tropas indianas, pelo seu lado, estavam a fornecer a mais descarada ajuda logística e militar aos guerrilheiros bengalis do Mukti Bahini. O resto fora uma guerra de nervos de meses entre a Índia e o Paquistão a ver quem perderia primeiro o sangue frio e desencadearia as hostilidades abertas. Foi o Paquistão, que, através da sua força aérea e copiando aquilo que fizera Israel em Junho de 1967, desencadeou nesta data um ataque preemptivo contra as bases aéreas da força aérea indiana, a operação Gengis Khan. A escolha do título fora muito apropriada, os resultados da mesma é que nem tanto. Os ataques tiveram lugar ao cair do dia - o que fez com que as notícias a seu respeito só tivessem aparecido nas edições dos jornais do dia seguinte (acima) - mas depararam-se com bases aéreas indianas que estavam preparadas para aquela eventualidade. Os aviões destruídos foram poucos, e os engenheiros indianos aproveitaram a noite para repararem as pistas de aviação atacadas. A supremacia aérea que o Paquistão buscava com aquele golpe de surpresa não foi alcançada e as operações terrestres que se haviam planificado pressupondo essa supremacia começaram a falhar. As simpatias dos Estados Unidos e da China iam para o Paquistão; as da União Soviética para a Índia. O máximo que a primeira-ministra indiana Indira Gandhi conseguira, depois de visitas a países ocidentais nos meses que haviam precedido a guerra, fora uma contida neutralidade de Londres e Paris. A posição portuguesa era francamente pró-paquistanesa, considerado o contencioso pendente, velho de dez anos, da ocupação militar de Goa, Damão e Diu pelos indianos. Mesmo um jornal não próximo das posições governamentais como o Diário de Lisboa fazia uma cobertura não muito isenta dos acontecimentos: o Paquistão não havia declarado guerra à Índia (na verdade, nenhum dos países entregara qualquer declaração de guerra ao outro) e, por tudo o que acima se explicou, haviam sido as tropas e a aviação paquistanesas a atacar a Índia, não o contrário. Abaixo, dois livros interessantes sobre o conflito.
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