13 de Setembro de 1967. Há precisamente 50 anos as relações sino-indianas passavam por mais uma fase muito tensa, com a ocorrência de um choque violento entre forças armadas dos dois países a propósito da delimitação das fronteiras numa remota portela dos Himalaias denominada Nathu La. O que se pode hoje reconstituir hoje do incidente, tudo terá começado por uma iniciativa indiana de delimitar a fronteira naquele local, a equipa (de engenharia militar) que estava encarregue de o fazer foi interpelada por um destacamento do exército chinês que acabou recorrendo ao fogo de armas ligeiras para dispersar a equipa indiana, atingindo alguns. Seguiu-se um crescendo do poder de fogo, com o emprego de morteiros e de artilharia dos dois lados, emprego esse que se prolongou pelos três dias seguintes (é o conteúdo da notícia acima). Ao quinto dia dos combates alcançou-se uma espécie de cessar-fogo. No final, e apesar daquela tradicional guerra de comunicados com números entre as baixas causadas e sofridas (em que se multiplicam as primeiras e se dividem as segundas), qualquer dos lados assumiu, pelo menos, que tinha sofrido várias dezenas de mortos nos combates, o que tornava o incidente em algo mais do que uma escaramuça acidental.
Do ponto de vista do seu desfecho, as análises depois surgidas ao combate travado consideram que os indianos gozavam da vantagem inicial do seu posicionamento táctico e que, no final, beneficiaram com isso. De todo o modo, vitória que tivesse sido, tratou-se de uma vantagem infinitesimal se considerarmos a envolvente estratégica de todo o incidente - a questão dos contornos fronteiriços entre a China e a Índia que ainda hoje é um assunto dormente nas relações entre aquelas duas grandes potências. Mas o que tornará oportuno evocar agora este episódio, quando a questão da Coreia do Norte ocupa as manchetes, é perceber como a coreografia dos intervenientes pode ser decisiva na importância e na gravidade que a comunicação social tende a atribuir a estes incidentes. Se há um historial de rivalidade sino-indiana por causa de questões fronteiriças (com fases mais quentes, como este episódio agora aqui descrito de 1967, que se seguira a uma mini-guerra em 1962, e que precederá novos confrontos em 1987), parece haver também haver um consenso estabelecido entre as duas partes em tratar toda a questão com a maior discrição possível. Às vezes é vantajoso. A prova é que quase ninguém se lembra deles - e de como a China e a Índia são rivais.
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