A forma como Uderzo desenha o discurso auto-condenatório de Astérix é do domínio do cinema: a «câmara» vai-se centrando no impacto que o discurso provoca em assistentes selecionados (Tifus, a família Qualquerius, o juiz, o promotor, não esquecendo os olhos pequeninos de Obélix, sugestivos de quem não percebe nada do que está a acontecer), até ao clímax da emotiva condenação à morte, sentenciada por unanimidade e aclamação. No reino do absurdo estamos nos domínios do estilo dos Irmãos Marx ou de Jacques Tati, embora os primeiros não conseguissem levar a cena até ao fim sem intercalar alguma palhaçada de Groucho e a cena ser demasiado palavrosa para o género de humor que caracteriza o segundo.
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