21 setembro 2017

CATALUNHA: A CUIDADA COREOGRAFIA DA FORÇA PASSIVA

Se as notícias de ontem de Barcelona haviam sido as detenções dos responsáveis do governo regional efectuadas pela Guardia Civil, as notícias de hoje são a resolução do sequestro a que alguns agentes dessa mesma Guardia Civil foram submetidos pelos manifestantes independentistas catalães. Resolução essa que, como os jornais locais se apressarem a noticiar, só se tornou possível pela intervenção da polícia regional catalã, os Mossos d'Esquadra. À vista de todos, mas sem ser devidamente explicada, decorre uma curiosa coreografia de força passiva, nomeadamente do lado catalão. Se o poder central acionou a Guardia Civil como executante da autoridade do Estado no seu propósito de impedir a realização do referendo na Catalunha, o poder regional, neste caso protagonizado pelos Mossos d'Esquadra, parece ter deixado os agentes da primeira sozinhos, a resolver o problema do seu sequestro às mãos da multidão que os cercava - as viaturas em que os agentes da Guardia se haviam feito deslocar ficaram no estado que a fotografia acima mostra... E essa espera terá demorado até ao limiar da decência: cerca de uma quinzena de agentes da Guardia Civil acabaram por ficar retidos durante quase 24 horas no edifício onde tinham realizado as buscas. E isso torna-se, mesmo que o seja apenas pela passividade e que possa ser explicado pelas mais razoáveis razões de carácter técnico, também uma demonstração de força.

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