20 de Setembro de 2015. Há precisamente dois anos Alexis Tsipras ganhava as eleições legislativas gregas, com o Syriza a renovar a maioria parlamentar que alcançara nas eleições que haviam tido lugar uns escassos oito meses antes. Foi uma manobra política para Tsipras se relegitimar que veio a compensá-lo. Mas esta efeméride não é sobre política grega, é antes sobre ideologia militante e a imprensa portuguesa que está ao seu serviço. Em toda a crise das dívidas soberanas é difícil encontrar antipatia mais visceral do que a manifestada pelo jornal português Observador para com a Grécia, sobretudo pela atitude desconforme como o eleitorado grego se recusou a reagir aos aparentes dogmas da doutrina que os ideólogos daquela publicação (José Manuel Fernandes, Helena Matos, Rui Ramos e os outros) subscreviam e defendiam à outrance nas páginas electrónicas daquele jornal. Ora este encore das eleições gregas de Setembro de 2015, apesar das expectativas prévias que o jornal se apressara e entusiasmara a veicular, transformara-se apenas numa confirmação daquela que já fora a outra derrota ideológica do jornal quando das eleições de Janeiro.
Nos outros jornais de 20 de Setembro de 2015 a notícia da vitória de Tsipras e do Syriza terá aparecido como uma outra notícia do dia, mas no Observador tornou-se impossível olhar para o destaque dado ao assunto sem pensar, mais do que num hipócrita sorriso amarelo (estas notícias são sóbrias, não há por que sorrir), numas cavacas das Caldas, infladas e cobertas de calda de açúcar mas concavas do outro lado e ocas lá por dentro, numa prosa redigida por almas muito decepcionadas. Significativamente, a matéria foi entregue ao rank and file, que os ideólogos primaram pela abstinência em comentar a Grécia e os desmandos de Tsipras durante os tempos mais próximos. Contudo, os cabeçalhos abaixo demonstram que, se a porrada foi forte, também as dores de José Manuel Fernandes e seus amigos passaram depressa, que nisso e apesar da sua inimizade visceral, a malta do Observador têm muito a compartilhar com os comunistas: não apenas a falta de disposição para aprender com os erros, mas também esta atitude de que a Democracia (esta coisa de pôr as pessoas a votar livremente...) pode ser uma chatice quando elas se decidem a não decidir aquilo que se estava à espera que decidissem...
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