16 novembro 2015

UM KAMIKAZE?

Perante o grande silêncio que rodeia a presidência quanto às suas intenções, embora indiciando muito pouca pressa em aprontar solução para a situação criada com o chumbo do XX governo, permitam-me a especulação de que Cavaco Silva só se contentará em chegar à solução do governo PS (e apoio BE/PCP) depois de forçar as formações da esquerda a rejeitar ainda por mais uma vez outra solução de governo. Desta próxima vez, para que algo mude, seria um governo dirigido por uma personalidade escolhida pelo presidente (o tal governo de iniciativa presidencial que deixou de o ser formalmente) a quem ouviremos de Cavaco Silva os maiores elogios sobre os predicados da sua pessoa mormente a sua preocupação em alcançar um compromisso de salvação nacional (ou outra forma parafraseada das expressões usadas por si em Julho de 2013). A ideia seria forçar os partidos da esquerda a rejeitar a nova solução política acreditando-se que o gesto acabará por os desgastar. Mesmo parecendo ser uma excelente manobra política tem um óbice: é preciso encontrar um voluntário que combine prestígio com algum desengajamento das duas grandes correntes políticas que se extremaram, inexperiência e/ou ingenuidade, o que nos tempos políticos que correm é assim como uma espécie selvagem protegida e em vias de extinção. Seria um kamikaze porque o seu governo seria constituído apenas para ser derrubado, mas não dos tradicionais, porque se excluiriam do perfil necessário todos os mais voluntariosos que estão sempre prontos a dar o corpo às balas nestas circunstâncias. Por ser raro o perfil do kamikaze é que não seria surpreendente que as hipotéticas sondagens prévias de Belém tivessem tido resultados consecutivamente infrutíferos, e é assim também que, porque não haveria (ainda) ninguém à mão, uma viagem até à Madeira poderá não ser propriamente uma perda de tempo como se critica o presidente. Isto sou eu a inventar, claro!

3 comentários:

  1. A aliança de esquerda é uma encenação gatafunhada em cima do joelho. PS tem de tomar o governo antes que o país comesse a crescer e a sair da crise por mérito do PSD, Não podem deixar passar mais tempo, há que agarrar os salva vidas da esquerda radical. O BE deve o seu resultado a uma mulher, a uma estrela: Mariana Mortágua e o resto é surpresa e a revelação da ambição da Catarina.
    O PCP quer apenas travar a privatização da TAP e reverter a concessão dos transportes públicos a privados - não em defesa dos interesses do país, mas em defesas dos seus interesses, os mesmos que os dos seus sindicalistas, que são o de terem das suas boas rendas garantidas pela maminha erário publico.
    Coligação de podridão com artistas e falsos moralistas é coisa para durar meia dúzia de meses e nos custar a todos bem caro.

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  2. «PS tem de tomar o governo antes que o país comesse a crescer e a sair da crise por mérito do PSD,»

    Lamento Vânia mas, antes do conteúdo das ideias, há que atender ao rigor como são expressas e quando se confunde o acto de começar (comece) com a atitude de comer (comesse)... no mínimo o que lhe posso dizer é que não lhe assenta bem.

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