Encontrei a fotografia desta página de jornal no facebook e confesso-vos que a minha primeira reacção foi totalmente céptica: - Nããão! Isto só pode ter sido forjado. Já uma vez eu caí nestas montagens, também a propósito do Brasil e de Lula. E vacinei-me. Não estou a imaginar ninguém a conseguir editar e juntar estas duas notícias na mesma página sem se tocar do absurdo que juntas representam. Afinal não: fui verificar e trata-se mesmo da página A6 da edição de 7 de Novembro de 2015 (anteontem) do Estado de São Paulo, jornal conhecido na gíria por o Estadão. O facto do assunto ser brasileiro permite-nos, a nós portugueses, ver o contraste absurdo das duas notícias sem a paixão dos engajamentos políticos de quem vive a disputa. E quem comentou a foto, apesar de local, nem terá explorado o assunto até ao fim: os números da notícia acima estão arredondados (quase 4 milhões), os abaixo nem por isso (por que não quase 1 milhão?) e, talvez ainda mais escandaloso, a empreiteira da notícia infra é precisamente a mesma (a Odebrecht) da da notícia supra. Mesmo a esta distância já se percebeu que a capacidade de observação se tornou nuclear nos caminhos palmilhados pelo jornalismo moderno em substituição da caduca objectividade. Entre nós, também.
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