Que me desculpem os apoiantes das duas facções - embora tenha sentido que as fileiras pró-Cavaco estão cada vez mais desertas... - mas eu não consigo antecipar nada de elevado nesta resolução da situação política, em que Cavaco Silva tem que indigitar mas não o quer fazer. Houvesse princípios e vontade de se conduzir de acordo com eles e por aí circulariam rumores da eventual decisão de Cavaco Silva antecipar a sua demissão do cargo para não se sentir violentado com a sua associação a uma solução governativa à qual já utilizou todos os expedientes mostrando que se lhe opõe. De forma simétrica, houvesse esses mesmos princípios e vontade de se conduzir de acordo com eles e, a acompanhar a seca carta de resposta às solicitações de Cavaco Silva, circulariam rumores da eventual decisão de António Costa de se dispor a romper as conversações e não alimentar mais um processo onde a parcialidade do juiz (Cavaco Silva) se tornava evidente por demais. Não circularam esses rumores mas também era dispensável que circulassem porque tenderiam a não ser levados a sério se tivessem existido. Porque sabemos que Cavaco Silva está demasiado agarrado ao poder e que António Costa demasiado ansioso de lá chegar para que ameaças daquele jaez fossem credíveis (como eram, por exemplo, as de Sá Carneiro). Uma nota final, irónica: agora era uma boa oportunidade de regressar a um tema recorrente dos últimos vinte anos: o da falta de poderes presidenciais. A situação parece desmenti-lo e corroborar a minha tese que, mais do que falta de poderes, o que houve nos últimos vinte anos foi uma falta de estatura política dos titulares do cargo: Jorge Sampaio, quando quis correr com Santana Lopes, correu com ele porque sim; e Cavaco Silva, quando não quer nomear António Costa também está a levantar todos os obstáculos a nomeá-lo, porque não.
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