29 novembro 2015

ANGOLA: «WITH A LITTLE HELP FROM MY FRIENDS»

A Internacional Socialista organizou uma das suas reuniões anuais em Luanda com o MPLA a desempenhar o papel de anfitrião. Conforme se lê no Jornal de Angola, o conselho da Internacional Socialista encorajou o MPLA e o seu líder, José Eduardo dos Santos, a prosseguirem os esforços para a consolidação da democracia e de um estado de direito, assente no respeito das liberdades fundamentais dos cidadãos. O currículo recente de Angola é conhecido: o MPLA ganha eleições com votações esmagadoras (72% dos votos em 2012) e trata os dissidentes como tem sido tornado cada vez mais público (já este ano). Acresce a isso que o MPLA está no poder há 40 anos e o seu líder, José Eduardo dos Santos, preside ao país há 36 anos, períodos de tempo a fazerem lembrar em longevidade Salazar e o Estado Novo (1926-1974)¹. O encorajamento é despropositadamente ridículo atendendo às circunstâncias - e é para o realçar que insiro a imagem abaixo, um apelo cívico e aquilo que será o equivalente de uma bandeira azul numa praia angolana - mas o pior é que teria sido dispensável que o Partido Socialista português fosse avalizar com a presença de uma comitiva sua todo aquele disparate. A não ser que mais uma vez se confirme a constatação que os partidos políticos portugueses têm princípios mas só quando estão na oposição e que os perdem (tornando-se automaticamente pragmáticos) tão logo chegam ao poder. É evidente que se tratou de uma comitiva de importância secundária mas, mesmo assim, agora e para que a tradição se mantenha, à pirueta protagonizada por Porfírio Silva, que encabeçou a comitiva socialista, só nos falta a reciprocidade de ouvir um Marco António Costa (PSD) ou um Paulo Portas (CDS/PP) a acusarem os socialistas de conivência com a repressão do regime angolano...
¹ A propósito e porque a escala temporal é precisamente a mesma, alguém imagina uma organização internacional a apelar em 1968 a Salazar e à União Nacional para que reconvertessem o Estado Novo português numa democracia?...

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