PÚBLICO E PRIVADO

Uma das notícias do dia, ainda a pretexto de se estar a falar de assuntos da Alemanha, é o impacto da greve dos comissários de bordo da Lufthansa. Será a maior das raras companhias aéreas de bandeira que mantêm uma conta de exploração equilibrada. Por isso é referenciada por aqueles que defendem a preservação desse modelo clássico no transporte aéreo; por isso também, é a transportadora aérea que os que defendem a adopção na Europa do modelo norte-americano (privatizado) se esquecem de mencionar. Isso e o facto da Lufthansa, apesar disso, compartilhar com as restantes companhias aéreas um relacionamento laboral muito tenso (como se lê abaixo, esta é a 14ª greve em 18 meses), levou-me a recuar uns já esquecidos seis meses, e regressar à greve dos pilotos da TAP superiormente monitorizada na época pelo ministro da Economia António Pires de Lima (veja-se a notícia no fim do texto de Maio de 2015).

Saídos entretanto das suas funções públicas, não sei que opinião privada poderão ter agora António Pires de Lima e Sérgio Silva Monteiro (o então secretário de Estado dos Transportes) sobre esta greve da Lufthansa, eles que desenvolveram competências tão aprofundadas em opinar sobre os prejuízos causados pelas greves nas companhias de aviação. Mas eu estava interessado em ouvi-las, às suas opiniões privadas... Embora esteja desconfiado que, no caso do primeiro (Pires de Lima) e considerado o impasse em que caiu entretanto a privatização da TAP, o seu maior desejo será que nos esqueçamos e que deixemos de associar o seu nome aquela sigla fatídica (TAP). Algo noto porém e para contraste, tanto mais que o anterior governo tinha em alta consideração os exemplos que vinham da Alemanha. É que (apesar de procurar) não dei por que até agora o ministro da Economia alemão (nem qualquer outra alta figura governamental) se tivesse pronunciado publicamente sobre a greve da Lufthansa. Se calhar por considerarem que, por ora, na própria empresa haverá pessoas mais habilitadas para lidar com a situação...