Por uma tradição editorial, que já tive oportunidade de explicar parcialmente aqui no blogue, na revista Der Spiegel adoram-se as histórias de espiões. Dos dois géneros. Há aquelas em que é a Alemanha a ser espiada - capa da esquerda de 2013 com Obama e Snowden - e há as outras em que é a Alemanha que que espia - como é o caso da história que corre actualmente (der verrat quer dizer a traição): o BND (os serviços de informações alemães) está a ser dado como responsável por ter espiado sistematicamente países amigos, Portugal incluído. Eu não sei se chega a existir uma genuína intenção de provocar a indignação dos leitores com a publicação destas histórias. Mas a havê-la, à indignação, ela afigura-se-me apenas caricata: havendo um serviço de espionagem (e a espionagem é, com a prostituição, considerada uma das duas actividades especializadas mais antigas no sector de serviços) ele serviria para quê senão para espiar os amigos? (É que, recorde-se, na ausência de guerra, não há propriamente inimigos...)
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