Até as iniciativas coreográficas, como esta coisa do Movimento Compromisso Democrático, que quis fazer um cordão humano ligando as sedes do PS, PSD e CDS, nos fazem lembrar (mais uma vez...) certos aspectos de um outro PREC, quarenta anos depois do original. Neste caso a analogia é a do protagonismo dado aos ingénuos úteis - quando não mais estúpidos que ingénuos... - que, por muito bem intencionados que pareçam ser, se tornam num óbvio joguete de uma das facções envolvidas, como outrora o foi o MDP às mãos do PCP. Tudo aquilo que li noticiado torna o tal movimento - surgido apenas há duas semanas... - como totalmente conotado com o PàF. Repare-se por exemplo, como o CDS é perfeitamente dispensável para a formação de um compromisso amplamente maioritário: o PSD e PS têm 76% dos lugares da Assembleia*. Mas como eles insistem em estender o cordão até ao Largo do Caldas... Depois há a infelicidade do nome que escolheram, compromisso, palavra que adquiriu um significado conotado com o liberalismo depois do famoso Compromisso Portugal, bloco ideológico que hoje se expressa através das páginas do jornal Observador.
Por causa disso, a palavra compromisso tornou-se tão banalizada e conotada ideologicamente neste PREC de 2015 como o era a expressão marxista-leninista no de 1975. Há também a questão de nos interrogarmos se, por uma questão de transparência, não seria pertinente que, pelo menos os promotores da iniciativa, se identificassem como não sendo militantes de qualquer dos partidos envolvidos** e esclarecessem qual foi o sentido do seu voto nas últimas eleições legislativas. E finalmente há a memória selectiva dos membros do tal cordão humano, que se esquecerão do encadeado de reuniões (abaixo, exemplos de Agosto de 2012, Março de 2013 ou Julho de 2013) que houve entre Pedro Passos Coelho e António José Seguro, sem que das quais tivessem saído quaisquer resultados substantivos. O que é que eles acham que terá mudado?
* 175 deputados (89 PSD e 86 PS) em 230 o que é proporcionalmente mais do que aqueles que apoiavam o governo do bloco central em 1983-85 - 176 (101 PS e 75 PSD) em 250 . ** Recorde-se que o MDP/CDE tinha dirigentes que eram militantes comunistas.
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