Porque a história já tem mais de 15 anos, há a tendência para nos esquecermos dos contornos da investigação de Kenneth Starr, o procurador «independente» (e as notícias nunca pareciam esquecer-se de mencionar essa característica da independência) que fora encarregado de investigar um escândalo imobiliário a que os Clintons haviam estado associados (o caso Whitewater). Mas no final, o que perdurou para a história nada teve a ver com especulações imobiliárias, mas antes com uma estagiária da Casa Branca chamada Monica Lewinsky, um charuto, um vestido azul manchado de sémen, páginas e páginas com elaboradas considerações do conceito do que consistirá a expressão relações sexuais e um acusador que se imbuíra de uma sanha persecutória para com Bill Clinton que chegara ao ponto de propor a sua destituição por ele ter sido (no mínimo...) evasivo nos detalhes da forma como descrevera que se envolvera sexualmente com Monica Lewinsky. Os Estados Unidos são um dos poucos países do mundo onde carreiras políticas podem ser destruídas quando se sabe que os protagonistas andam a pôr a pila onde não devem mas, mesmo assim e a esta distância temporal, dá para perceber quanto o assunto não passava de uma paródia e que só não podia ser e só não foi tratado assim dado os seus contornos políticos.
O que nos leva ao assunto da actualidade que me lembrou Kenneth Starr, a sua «independência», e como estes assuntos judiciais que bordejam a política se podem tornar volúveis. Foram os últimos desenvolvimentos do caso dos vistos Gold, envolvendo especificamente o ex-ministro Miguel Macedo, cujas imagens do interrogatório judicial foram obtidas ilegalmente e transmitidas pela televisão do Correio da Manhã. Parece-me indício que, por comparação com outros processos judiciais também de grande visibilidade mediática, Ministério Público e Correio da Manhã se estarão a reger por uma conduta semelhante à que já nos vinham habituando nesses outros casos. O que me intriga agora descobrir ,entre os agentes «independentes» que costumo ouvir opinar sobre estes assuntos, é se, por acção ou por omissão (ele há silêncios ruidosos...), prevalece coerentemente aquilo que havia por eles sido opinado até aqui, quando o exemplo de referência da mistura entre justiça, política e informação, era apenas o do caso de José Sócrates...
Vamos lá a ver se, daqui por 15 anos, em 2030, um e outro caso também não terão passado de uma paródia...
Um trailer que poderia ter visto antes de gastar os 5 euros:
ResponderEliminarhttps://www.youtube.com/watch?v=BzpIB5TJ7LI
Obrigado. Fiquei com a morada. Nunca pensei que fosse tão mau.
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