Esta história continua a ser divertida mesmo quatro meses depois da notícia que a desencadeia ter sido publicada no jornal i e mesmo um mês depois das eleições, quando, votos contados, histórias como aquela já deixaram de ter qualquer utilidade política. Escrevia-se então no i, como se pode apreciar na imagem acima, que Portugal era o 11º país mais seguro do mundo, de acordo com as conclusões de um relatório de um (para mim) desconhecido Global Peace Index que mede os níveis de segurança e de paz em 162 países. Ora aí está um bom desempenho governamental, concluir-se-ia. Não fosse a malícia como a afirmação pudesse ser interpretada, até se poderia atribuir a esse bom desempenho securitário do ministério tutelado por Miguel Macedo uma boa parte do sucesso do programa dos vistos gold... - sabe-se como as pessoas endinheiradas gostam de viver em países tranquilos.
Para os mais esquecidos, recorde-se quanto o tema da insegurança sempre fora querido do vice-primeiro-ministro Paulo Portas, ele, um grande apoiante da implementação dos vistos gold. Houvera períodos quando na oposição (recorde-se o Outono de 2008) em que tivera verdadeiros acessos de genuína preocupação com o risco de quem se atrevia a sair às ruas. Como o próprio dizia, em acusação à negligência do primeiro-ministro Sócrates, a insegurança em Portugal atingira proporções críticas e alarmantes. Mas a publicidade dado ao 11º lugar em 162 países do Global Peace Index parecia ser a demonstração de que o governo de coligação PSD/CDS, a partir de 2011, havia feito uma diferença substantiva na percepção dos níveis de segurança e de paz entre nós... não nos déssemos ao trabalho de ir verificar qual era a classificação que haviam dado ao nosso país em 2008, precisamente no ano em que Portas anunciava o apocalipse securitário: era o 13º...
Precipitando-nos à época para eleições, competiria a quem estava politicamente do outro lado denunciar esta patranha de um index que só servia para brandir quando estando no governo, omitido-o quando na oposição, tanto mais que a sua denúncia era prometedora quanto à seriedade dos autores. Mas, mais do que os actores políticos, há a inocência incompetente dos actores mediáticos, e permitam-me recordar esta reportagem televisiva da SIC Notícias do mesmo Outono de 2008 em que hoje se percebe claramente como a estação televisiva foi um mero joguete da campanha mediática para o Outono/2008 a respeito do alarme securitário de Paulo Portas...
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