Cães de Guerra é o título de uma novela de Frederick Forsyth, escrita em 1974, onde se conta a história de um bem sucedido Golpe de Estado desencadeado num hipotético pequeno país africano chamado Zangaro. A maior surpresa da história é que o Golpe de Estado vitorioso foi perpetrado por um pequeníssimo comando de 5 mercenários brancos, ex-combatentes durante a Guerra do Biafra (1967-70), apenas acompanhados de meia dúzia de auxiliares negros, herdados daquela guerra, que compunham a infantaria.
A história é uma ficção mas é daquele tipo de ficção que beira a realidade: a descrição do pequeno país africano assentava que nem uma luva na Guiné Equatorial; a dos mercenários em algumas figuras reais popularizadas pela referidos conflitos africanos; e as operações militares que levam à derrota da guarda presidencial e à morte do presidente são credíveis. Elas começam, de resto, com um desembarque clandestino em botes de borracha a partir de um barco, como parece ter acontecido com o comando terrorista que atacou Bombaim.
Só que, ao contrário dos mercenários de Forsyth, o objectivo do que agora se crê terem sido apenas uma dezena de terroristas islâmicos, terá sido apenas o de provocar o maior caos possível, sem que lhes competisse alcançar qualquer outro objectivo político imediato – pelo menos, nada sabemos do que terão constado as exigências para a libertação dos reféns. Nesse aspecto estrito, o seu sucesso foi monumental: conseguiram pôr todas as forças de intervenção indianas atrás deles durante três dias, até os neutralizarem…
Uma segunda conclusão a retirar dos acontecimentos de Bombaim tem a ver com a importância relativa dada pela informação internacional a estes actos. Já haviam ocorrido outros atentados em Bombaim. Um deles, em Julho de 2006, havia sido quase uma cópia idêntica em metodologia e vítimas do de Março de 2004 em Madrid mas tinha tido apenas uma fracção da sua cobertura mediática. Os terroristas já se aperceberam que provocar vítimas ocidentais é um gesto que dá um efeito de alavanca à notoriedade das suas operações.
A terceira conclusão é como os acontecimentos puseram em evidência a diferença entre informar e ir dando notícias ou mostrando imagens. Ao longo dos três dias, não houve órgão de comunicação social que conseguisse avançar com uma ideia consistente de qual eram os propósitos da operação terrorista. Só no fim se soube que havia apenas 10 terroristas; agora estão-se a recontar em baixa o número de vítimas. A pressão mediática entre mostrar qualquer coisa ou escrever qualquer coisa, nem que seja um disparate, parece ser enorme…
Só que, ao contrário dos mercenários de Forsyth, o objectivo do que agora se crê terem sido apenas uma dezena de terroristas islâmicos, terá sido apenas o de provocar o maior caos possível, sem que lhes competisse alcançar qualquer outro objectivo político imediato – pelo menos, nada sabemos do que terão constado as exigências para a libertação dos reféns. Nesse aspecto estrito, o seu sucesso foi monumental: conseguiram pôr todas as forças de intervenção indianas atrás deles durante três dias, até os neutralizarem…
Uma segunda conclusão a retirar dos acontecimentos de Bombaim tem a ver com a importância relativa dada pela informação internacional a estes actos. Já haviam ocorrido outros atentados em Bombaim. Um deles, em Julho de 2006, havia sido quase uma cópia idêntica em metodologia e vítimas do de Março de 2004 em Madrid mas tinha tido apenas uma fracção da sua cobertura mediática. Os terroristas já se aperceberam que provocar vítimas ocidentais é um gesto que dá um efeito de alavanca à notoriedade das suas operações.