
Deve ter sido ideia de quase todos os ex-alunos do Colégio Militar mais nostálgicos e com mais vocação prosadora escrever um livro com
as histórias do seu tempo. Felizmente são poucos os que chegaram a concretizar a ideia... Porque é o tipo de
histórias que costumam ser excelentes quando contadas em mesa de tertúlia, na voz de um bom narrador e com um auditório cúmplice que conhece de antemão tanto o
ambiente como as
personagens.

Quando passadas para o papel, e por muito que seja o mérito do prosador, as
histórias tendem a perder o vigor porque, fora daquele círculo cúmplice, os leitores ex-alunos de outras gerações ainda podem conhecer o
ambiente, mas já não sabem quem são as
personagens, e então os outros leitores não conhecem nem uma coisa nem outra, e a
história, depurada de cumplicidades, fica apenas com o seu valor intrínseco, que às vezes é bem pouco…

Isto para não falar do ponto de vista do editor, a quem interessaria tornar as
histórias colegiais mais abrangentes e capazes de atingir uma audiência ainda mais vasta, enfim, passe um pouco o exagero, torná-las uma versão em masculino e marialva daquela série juvenil do
Colégio das Quatro Torres da escritora inglesa
Enid Blyton… A verdade que temos que reconhecer é que aquelas
histórias são cómicas mas não interessantes e interessam a muito poucos…

Creio que a mesma lógica se deveria aplicar - e não se aplica - a um outro caso distinto, a respeito do qual há um frenesim de
investigação e editorial despropositados. São
histórias de uma geração que passou a sua fase júnior, durante a década de 60, inícios da de 70, a querer
salvar o mundo e a militar em organizações
marxistas-leninistas radicais. Tal qual o caso das
histórias do Colégio Militar, vê-se hoje como tudo aquilo não foi importante e nem sequer é interessante…

Só que, ao contrário do exemplo colegial, neste caso escreve-se e
publica-se muito, embora sobretudo para interesse dos que lá estiveram, que, como no caso dos ex-alunos do Colégio Militar, nem foram muitos e parece que se conhecem todos… E se quisermos continuar pelas alusões às séries juvenis de Enid Blyton, neste caso, pelo número desmesurado de organizações
pequenas mas secretas que criaram (veja-se acima) é mais um caso de…
O Clube dos Sete.

Como não tenho experiência nem do Colégio Militar nem de organizações Marxistas-leninistas radicais, não sei se me é permitido pensar, que o "clube dos sete" poderia muito bem ser uma infiltração das segundas no primeiro, até porque creio que seria gente a mais.
ResponderEliminarUma conheço, as outras nem tanto, mas serão estruturas que poderão provocar em quem as vive ou viveu por dentro a ilusão de serem muito mais importantes do que, de facto, são ou foram…
ResponderEliminarA.Teixeira:
ResponderEliminarMas aquele mapa das organizações de esquerda leninista-marxista é mesmo a sério?!?!?
Quer dizer, aquilo lembra-me a discussão dos monthy pithon no coliseu de Jerusalém no filme a "Vida de Brian", em que os próprios que discutiam como derrotar Roma, a dada altura já não sabiam a que organização terrorista de combate aos romanos pertenciam...
E só de 1964 até ao inicio dos anos 70?!!?
Esta terra, de facto, está cheia de lunáticos e doidos...é só isso que explica um mapa daqueles...
Dissidente-x
É a sério. O próprio poste contêm uma ligação para o artigo que o inclui: http://caminhosdamemoria.wordpress.com/2008/11/24/notas-sobre-o-maoismo-em-portugal-1964-1974/
ResponderEliminarNão são de perder também alguns comentários da caixa dos ditos, onde aparece alguma "rapaziada daquele tempo" (Pedro Baptista é um deles) validando o rigor do esquema.