Entre os acordos que haviam sido previamente assinados em Yalta entre os Aliados, estava contemplado o regime como a Alemanha seria administrada depois da Vitória: a cada uma das potências vencedoras seria concedida uma zona de ocupação na Alemanha. Quanto à capital, Berlim, haveria uma administração conjunta das quatro potências (União Soviética, Estados Unidos, Reino Unido e França), norteada por alguns princípios teóricos mas cujo funcionamento orgânico seria posteriormente melhor definido quanto viesse a ser implementado no terreno.
Frequentemente esquece-se que a Áustria também tinha de estar incluída nas soluções decididas para o Reich alemão. Como o país havia sido anexado pela Alemanha em Março de 1938 (com o Anschluss), e não havia um poder político autónomo (como os governos no exílio da Polónia – que até tinha dois! – ou da Checoslováquia ou a organização político-militar de Tito na Jugoslávia), a questão austríaca tornava-se um apêndice ao problema alemão. Também havia zonas de ocupação na Áustria (acima) e Viena também veio a ser administrada conjuntamente pelas quatro potências (abaixo).
Reclamando-se todos os Aliados de princípios democráticos, foram relevantes aqueles momentos em que se organizaram as primeiras eleições livres em sítios que tanto tempo tinham estado submetidas à ditadura nazi. Em Berlim, elas realizaram-se Outubro de 1946 sob supervisão aliada e, com uma afluência de 90%, os social-democratas (SPD) venceram-nas com 48% dos votos, seguidos dos democrata-cristãos (CDU) com 22%, dos comunistas (SED) com 20% e dos liberais (LDP) com 9%. Uma constituição de Berlim (abaixo) foi aprovada em Abril de 1948, mas os 22 votos contra do SED tornaram-na letra morta.
Frequentemente esquece-se que a Áustria também tinha de estar incluída nas soluções decididas para o Reich alemão. Como o país havia sido anexado pela Alemanha em Março de 1938 (com o Anschluss), e não havia um poder político autónomo (como os governos no exílio da Polónia – que até tinha dois! – ou da Checoslováquia ou a organização político-militar de Tito na Jugoslávia), a questão austríaca tornava-se um apêndice ao problema alemão. Também havia zonas de ocupação na Áustria (acima) e Viena também veio a ser administrada conjuntamente pelas quatro potências (abaixo).
Reclamando-se todos os Aliados de princípios democráticos, foram relevantes aqueles momentos em que se organizaram as primeiras eleições livres em sítios que tanto tempo tinham estado submetidas à ditadura nazi. Em Berlim, elas realizaram-se Outubro de 1946 sob supervisão aliada e, com uma afluência de 90%, os social-democratas (SPD) venceram-nas com 48% dos votos, seguidos dos democrata-cristãos (CDU) com 22%, dos comunistas (SED) com 20% e dos liberais (LDP) com 9%. Uma constituição de Berlim (abaixo) foi aprovada em Abril de 1948, mas os 22 votos contra do SED tornaram-na letra morta.
Em Viena as eleições tinha tido lugar um ano mais cedo, em Novembro de 1945 e ali, as memórias mais vivas do comportamento dos soldados do Exército Vermelho serão capazes de ter tido influência nos resultados: 58% para os social-democratas (SPÖ), 36% para os democrata-cristãos (ÖVP) e 6% para os comunistas (KPÖ). O slogan eleitoral dos segundos, mesmo podendo não lhes dar votos, parece ter sido excelente em transferi-los dos comunistas para os social-democratas, numa cidade que era conhecida como Viena, a Vermelha: Ur-Wiener und Wiener ohne Uhr, wählt ÖVP!*
Hoje, essas primeiras eleições municipais que tiveram lugar nas capitais do Reich estão esquecidas e os seus resultados são um preciosismo histórico. Como já aqui demonstrei em postes anteriores a configuração política que a Europa veio a assumir depois da Segunda Guerra Mundial muito pouca coisa terá devido à geografia eleitoral, mas sim à vontade das duas superpotências emergentes. Mas, olhando para aquelas distribuições de votos, não deixa de constituir motivo de reflexão como uma ditadura como a nazi assentou tão naturalmente em sociedades politicamente tão civilizadas, tão… europeias.
* Traduzindo-o, perde-se a sonoridade do trocadilho, mas a mensagem diz: “Vienenses de sempre e vienenses sem horas (relógios), votem ÖVP!”. É uma alusão ao hábito dos soldados soviéticos de roubarem todos os relógios de pulso que encontrassem.
* Traduzindo-o, perde-se a sonoridade do trocadilho, mas a mensagem diz: “Vienenses de sempre e vienenses sem horas (relógios), votem ÖVP!”. É uma alusão ao hábito dos soldados soviéticos de roubarem todos os relógios de pulso que encontrassem.
Interessante. Quanto à distribuição dos votos; o nosso exemplo de 1975 também é bastante...europeu, se nos reportarmos à data.
ResponderEliminarQuanto aos austríacos sempre quiserem mostrar que nada tinham a ver com o regime nazi...após 1945.
ResponderEliminarAinda hoje, o SPOe continua a ser o partido predominante em Viena. Onde se pode ter uma ideia da divisão de zonas na cpital austríaca é no livro O Terceiro Homem, de Graham Greene, e na sua adaptação ao cinema, com Orson Welles e Allida Valli.
ResponderEliminarJá agora, e com muito, muito atraso, dou os parabéns pelos 3 anos do Herdeiro de Aécio.