O sufragismo foi um movimento que esteve muito activo na segunda metade do Século XIX e nos inícios do Século XX especialmente nos países anglo-saxónicos, e cujo objectivo era a concessão dos direitos de voto às mulheres em igualdade de circunstâncias com os homens. Ao longo dessas décadas, nas democracias liberais, as condições exigíveis para o exercício do direito de voto foram sendo progressivamente facilitadas para os homens, embora a mesma regalia não fosse concedida da mesma maneira às mulheres.
O escoar do tempo e a evolução das mentalidades acabou por legitimar a justeza da sua Causa. Contudo, a memória que ficou para o futuro das sufragistas, foi o activismo da sua facção mais radical, que começou a desenvolver-se a partir dos começos do Século XX, quando adquiriram notoriedade através de algumas acções mais espectaculares, como aquela que conduziu à morte da activista Emily Davison, quando ela tentava bloquear o cavalo do rei durante a realização do Derby de Epsom em Junho de 1913 (acima).
Além de assim terem adquirido uma mártir, outras acções despropositadas se sucederam, como a de Mary Richardson, uma outra activista radical que em Março de 1914 tentou destruir a martelo e à facada o quadro de Velázquez, A Vénus ao Espelho (abaixo), que estava exposto na National Gallery de Londres. Estas activistas, tratadas ironicamente por suffragettes, eram aproveitadas por quem se opunha ao movimento para dele dar uma imagem que apenas satisfazia os opositores e as próprias activistas radicais.
As defensoras do sufragismo eeram apresentadas assim à opinião pública como obcecadas pela Causa e totalmente impermeáveis às circunstâncias em que o Mundo evoluía, como parece ser o caso da portadora do cartaz da fotografia abaixo que, com os Estados Unidos envolvidos em plena Primeira Guerra Mundial (1918), parece apenas preocupar-se em comparar o Presidente Wilson com o Kaiser Guilherme II… Felizmente, quase logo depois do Fim da Guerra, a Causa do sufrágio feminino vingou nos países em causa*.
É um interessante jogo especulativo perguntarmo-nos qual terá sido a contribuição real (se alguma…) daqueles gestos extremistas para esse desfecho. E porque a História parece repetir-se com uma certa regularidade, permitam-me alargar o jogo, perguntando também como virá a ser apreciado no futuro o real contributo destes novos activistas radicais, tanto da Greenpeace (abaixo**) como de organizações por ela inspiradas (lembrem-se da do Gualter…), para a Causa da ecologia que tanto proclamam defender?...
* Em 1918 no Reino Unido e Canadá, em 1920 nos Estados Unidos.
É um interessante jogo especulativo perguntarmo-nos qual terá sido a contribuição real (se alguma…) daqueles gestos extremistas para esse desfecho. E porque a História parece repetir-se com uma certa regularidade, permitam-me alargar o jogo, perguntando também como virá a ser apreciado no futuro o real contributo destes novos activistas radicais, tanto da Greenpeace (abaixo**) como de organizações por ela inspiradas (lembrem-se da do Gualter…), para a Causa da ecologia que tanto proclamam defender?...
** Trata-se de imagens de activistas da Greenpeace a tentar furar o cordão policial marítimo por ocasião de uma Cimeira dos G8.
:)))
ResponderEliminarVolto aqui porque mais uma vez me surpreendeu....com esta crónica no dia 25 de Novembro!
ResponderEliminar:))
Não lhe vou dizer que calhou, Maria do Sol, porque foi deliberado evitar ser explicitamente comemorativo. Para isso já há jornais e jornalistas...
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