
Depois das recentes eleições presidenciais norte-americanas, correu a notícia, até aí escondida, que a candidata republicana à vice-presidência, Sarah Palin, se revelara detentora de uma ignorância
olímpica a que adicionava uma estupidez
confrangedora. A notícia era exemplificava, explicando como ela julgaria que África era um país e não um continente, e quando depois lhe explicarem que não era assim, que havia dezenas de países africanos, ela
voltara à carga, mostrando que não percebera nada do que se lhe havia sido explicado, perguntando se a
África do Sul era a região
mais ao Sul da tal África…

Vem isto um pouco a propósito da sul-africana Miriam Makeba, que faleceu recentemente. E, já agora, por falar na morte de grandes divas, pergunto-me se, por ocasião da de Amália Rodrigues, alguém se terá atrevido ao exagero de arranjar um cabeçalho evocando
o desaparecimento da Voz da Europa? Ponho as minhas dúvidas e seria sempre com enorme controvérsia que se poderia atribuir essa qualificação
continental a qualquer grande voz da canção europeia: A Jacques Brel? Ou aos ABBA? Não tenho dúvidas,
porque pode ser lido aqui, é quem tenha tido a
ousadia de chamar a Miriam Makeba, sem hesitações,
A Voz de África…

Como acontece com os exemplos europeus, Miriam Makeba era uma grande voz de África, mas teria sido mais asisado ao autor da frase moderar-se, ou, mais provável, conhecer outras vozes de África antes de a nomear
A Voz de África… A diferença é que Sarah Palin é tratada como uma espécie de
tambor reaccionário, excelente para
bater, enquanto quem assim
crismou Miriam Makeba estará situado na corrente das pessoas progressistas e condescendentemente bem intencionadas. Talvez só seja por isso que o tratamento das duas ignorâncias é distinto – e não devia. Porque
há outras grandes vozes sul-africanas e há
muita outras
(boas) vozes no Continente.
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