O Regime Fascista italiano, como em todas as outras coisas, também foi exuberante em relação aos
assuntos de saias. Nisso, ele distinguia-se dos outros regimes aparentados e vizinhos do Sul da Europa, onde as incursões sentimentais de Pétain, Franco ou Salazar foram sempre tratadas como segredos de estado. Em Itália, era até um motivo de orgulho para o estado que o
Duce,
Benito Mussolini, tivesse uma amante que era 29 anos mais nova do que ele! O protocolo bem se
contorcia, mas sempre
engendrou maneiras de fazer coexistir
Dona Rachele, a
legítima, com
Clara (dita Claretta) Petacci, a
outra (abaixo)…

Ao contrário do que os enredos românticos preconizam para estas ocasiões, Claretta demonstrou sempre como gostava de Mussolini e não o abandonou mesmo quando a sua carreira entrou em rota descendente. Mussolini
foi preso em Julho de 1943, depois libertado pelos alemães em Setembro e colocado como dirigente máximo de um estado fantoche, a
República Social Italiana, mais conhecida pelo nome da capital, a pequena cidade de
Salò. Benito estava instalado com Dona Rachele na
Villa Feltrinelli, em
Gargnano, e Claretta (entretanto libertada pela Gestapo) instalara-se perto, numa casinha em
Gardone.

Quando tudo se estava a aproximar do fim, em Abril de 1945, Claretta insistiu em acompanhar Benito na sua fuga para Norte e acabou por ser capturada por guerrilheiros italianos conjuntamente com ele. Permanecerá para sempre controversa de quem terá partido a decisão de executar sumariamente o antigo
Duce. O que se sabe é que o casal estava detido numa casa de camponeses da aldeia de Azzano. E que, por volta das 16H00 de 28 de Abril de 1945 ali apareceu um homem muito seguro da sua missão (
Walter Audisio), mandatado, dizia ele, pelo
Comité de Libertação Nacional, para levar Mussolini para Milão, onde seria julgado.

Entrando pelo quarto dentro, anuncia:
Despachem-se, venho salvá-los.
Estão armados? Claretta demora-se a vasculhar a cama e quando o enviado lhe pergunta o que procura, ela responde, com simplicidade:
As minhas cuecas. Posteriormente, versões mais púdicas do episódio e do diálogo,
corrigiram o objecto da busca de Claretta para a
carteira dela… O casal entrou no carro, acompanhado do enviado e da sua escolta, mas a comitiva andou apenas um pouco até se imobilizar longe de olhares indiscretos. E há vários relatos, que não são concordantes quanto às condições precisas em que vieram a ser fuzilados...

Benito Mussolini tinha 61 anos e Claretta Petacci completara dois meses antes 33. Regressando agora aquele pormenor das cuecas que, a meio da tarde, Claretta não tinha vestidas, vão-me perdoar o cinismo, mas parece-me um caso interessante de dois condenados à morte que, não morrendo consolados pelos sacramentos da Santa Madre Igreja (os executores eram comunistas), morreram
consolados, apesar de tudo…
Humor benevolente o seu, especialmente para com a “operacionalidade” do Duce. Quem lhe garante que não se tratava antes de uma diarreia da Claretta?
ResponderEliminarÉ claro que se assim fosse, teríamos antes uma foto de Dimicina em lugar do Viagra, com a vantagem de se tratar de um genérico.
Não pretendo ser desagradavelmente "gráfico", JRD, mas, em resposta à sua hipótese e fosse ela verdadeira, estou persuadido que, ao entrar num quarto fechado, os primeiros comentários de Walter Audisio teriam sido ligeiramente diferentes do que aqueles que a História regista...
ResponderEliminarO que me custou chegar aqui hoje! Mas a verdade é que valeu a pena. tens alguma revista de fofoquices históricas? És assinante?
ResponderEliminarÉ que tu sabes coisas de um pormenor que não lembra a ninguém!
Já li, Donagata, já li. Agora quem é que te mandou ser assim tão fina, com domínio próprio e tudo?
ResponderEliminarCom domínio é privado e na Boavista e não é para todos...
Agora a sério, não considero o meu poste do meu terceiro aniversário encerrado sem por lá passares e comeres uma fatia de bolo, que é como quem diz, passares pela caixa de comentários e afiares as garras...
Esta imagem das cápsulas do
ResponderEliminarViagra recordam-me a pirataria dos
medicamentos.No passado mês de Fev.
quando no interior da Gâmbia,
aguardava uma jangada para cambar
o rio com o mesmo nome,apareceram
vários vendedores ambulantes de
medicamentos(tb anti-diarreicos)
onde sobressaíam aquelas cápsulas
azuis,com a marca e dizeres das
que aí aparecem,só que pirateadas.
Eram as únicas que não estavam
embaladas,o vendedor punha na mão
umas tantas e fazia com o braço
aquele sinal de potência.Não
perguntei o preço...