Os Estados Unidos escondem um passado que é ainda racista do que aquele que a sua história oficial admite. É que esta última - a história oficial - escamoteia a reversão de uma fase de ascensão social que os afro-americanos registaram logo a seguir ao fim da Guerra Civil. Já aqui dei conta disso no Herdeiro de Aécio, chamando a atenção para que, a uma fase inicial de ascensão social de uma classe emergente qualificada de afro-americanos (1870-1900), se seguiu outra - denominada como o apogeu da era Jim Crow - em que a subalternização dos negros, independentemente das suas qualificações, que deixou de haver qualquer afro-americano eleito entre os mais de 600 representantes com que contava o congresso federal dos Estados Unidos (1901-1929). É para assinalar estes tempos sombrios de que os americanos não querem saber, que publico esta fotografia acima, de um desfile do Ku-Klux-Klan (a organização supremacista branca), com os seus membros devidamente paramentados. Contudo, para quem pense que tais manifestações eram exclusivas dos antigos estados sulistas, onde vigorara a escravatura que levara à Guerra Civil (1861-65), como se pode ler na legenda acima, o desfile teve lugar na cidade de Springfield, no estado do Ohio (veja-se abaixo a seta branca), muito distante da fronteira que existira outrora entre estados unionistas (em verde - contra a escravatura) e confederados (a favor dela). Estas manifestações de racismo de há 100 anos eram muito mais complexas de explicar do que as precedentes porque aparecidas centenas de quilómetros dentro do que outrora havia sido território nortista. Este KKK transfigurado contava então com cerca de 4 milhões de membros e nesta (outra) história já não apareceu nenhum Abraham Lincoln como figura reverencial...
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