21 setembro 2023

«JOTINHAS (A)PARTIDÁRIOS» DE HÁ QUARENTA ANOS

Esta notícia abaixo de 21 de Setembro de 1983, refere-se às dificuldades encontradas por alguns dos escolhidos em serem eleitos para os órgãos para que haviam sido propostos originalmente pelos partidos políticos. Na eleição participavam os (então) 250 deputados, pediam-se maiorias qualificadas de ⅔ dos deputados presentes e o destaque da notícia vai para as dificuldades com que os antigos ministros Ângelo Correia e Vaz Portugal se estavam a deparar para a sua eleição para o Conselho Superior de Defesa Nacional e para o Conselho Nacional do Plano, respectivamente. Mas o que a notícia tem de interessante, quando lida a esta distância de quarenta anos, não se prende com essas figuras de maior grandeza da política de então, mas de outras, mais secundárias, que também tinham as suas dificuldades em que os deputados os elegessem para a composição do Conselho da Comunicação Social: Nandin de Carvalho, escolhido pelo PSD, Manuel Gusmão pelo PCP e... Paulo Portas pelo CDS. A presença do irrevogável futuro vice-primeiro-ministro neste elenco de potenciais conselheiros sobre comunicação social não deixa de ser surpreendente, e mesmo inexplicável, para quem se aperceber que, à data, Paulo Portas acabara de completar 21 anos e tinha uma experiência correspondente a essa idade como jornalista... E a função era fazer parte de um órgão intitulado Conselho da Comunicação Social. Indicado para ocupar o lugar pelo CDS. Se destaco este episódio, é para comprovar que o fenómeno do patrocínio ascensional acelerado de jotinhas dos partidos não é um fenómeno assim tão degenerado, que só ocorre nos tempos modernos, como Pacheco Pereira o costuma descrever. Embora aceite que, no caso de Portas, não se trate de um jotinha completamente convencional como o foi, por exemplo, Passos Coelho. Porém, e como se comprova, o fenómeno já existia há 40 anos, no tempo em que aquele mesmo Pacheco Pereira estava ainda em trânsito da extrema esquerda até ao PSD, onde só chegou em meados da década de 80. Andava noutra, preocupado com a sua própria carreira. Voltando à escolha de um jovem de 21 anos, dá-me que pensar sobre o que seria a robustez dos quadros do CDS liderado por Lucas Pires, ou que é seriam os patrocínios recebidos pelo próprio Portas, para que o partido se visse assim forçado a tomar a opção de escolher um puto como ele para ocupar aquele cargo. Porque, acreditar em jovens prometedores que desabrocham espontâneos, eu só conheço o Mozart, que era aliás uma criança prodígio...

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