Pela enésima vez, faz-se notícia do aparecimento de (mais) documentação que parece comprovar que o Vaticano soube, desde muito cedo, da política de extermínio dos judeus por parte da Alemanha. E como se antecipa, até é tradicional, se houver reacção institucional da Igreja Católica, será a de continuar a manter que a instituição nunca soube de nada - pelo menos, nessa altura. Como nos casos de pedofilia do clero, a organização é reputada e respeitada pela capacidade e densidade dos seus serviços de informações, mas mente com o maior dos descaramentos (e absolvições...) quando as circunstâncias o impõem. E sem qualquer vergonha pelas consequências do descrédito em que incorre. Mas, do outro lado, as acusações também não me parecem ir muito mais além. Porque os acusadores também não me parece quererem ser verdadeiramente confrontados com uma discussão aprofundada (e razoável) sobre qual o comportamento que o papa Pio XII poderia ter adoptado naquelas circunstâncias. As respostas simples são só isso: respostas. Confronte-se as acusações para com a atitude do Vaticano, com a quase ausência delas para com a atitude dos Aliados, que também souberam dos factos - o Holocausto - e nem por isso o utilizaram como instrumento de propaganda, aqui sob o pretexto que não acreditavam no que a resistência polaca lhes transmitia (desde quando a verdade é importante para uma guerra de propaganda?). A Verdade é que as prioridades durante a Guerra sempre foram outras que não travar o extermínio dos judeus. Vencendo a guerra, acabar-se-ia com o extermínio dos judeus, o que levou os alemães a, paradoxalmente, acelerar o ritmo do extermínio dos judeus, precisamente porque estavam a perder a guerra. Além disso, e quanto a provocar os alemães, Pio XII tinha-os a passar à frente de casa todos os dias (abaixo). Alguém, de entre os que publicitam agora estas notícias, tem dúvidas do que teria acontecido a Pio XII caso tivesse cutucado os alemães sobre o assunto?
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