15 março 2021

A EXTREMA DIREITA ITALIANA

15 de Março de 1971. Sempre que o objecto da notícia é a extrema direita a «coisa» apresenta-se como um movimento que surge vindo de um nada, numa sociedade pacata, democrática, num crescendo ameaçador. A história é sempre a mesma e a história costuma ser sempre falsa. A extrema direita sempre andou por aí, mais envergonhada nos anos que se sucederam imediatamente ao fim da Segunda Guerra Mundial, mas omnipresente depois desse período de nojo. A dimensão do apoio popular oscila mas, como qualquer movimento extremista, o tremendismo do que dizem transforma-os sempre num pratinho da comunicação social. Nesta notícia de há cinquenta anos o destaque vai para a extrema-direita italiana neo-fascista que promovera uma pequena mas ruidosa manifestação em Roma onde, entre outras palavras de ordem: «Queremos os coronéis». O apelo era à realização de um golpe de estado em Itália e a alusão era ao regime grego, constituído precisamente na sequência de um golpe de estado na Grécia em 1967. Mais do que isso, e porque a Itália era uma Democracia com D maiúsculo, os neo-fascistas podiam concorrer às eleições para que se pudesse apreciar a influência que representavam na sociedade. Nas eleições que viriam a ter lugar dali por um ano, em Maio de 1972, o Movimento Social Italiano (MSI) viria a obter 8,7%, correspondente a 2,9 milhões de votos. Apesar da exuberância, permaneciam nas franjas do espectro político italiano. Era isso que representava o fascismo em Itália. Eram uma ameaça para quem os quisesse considerar uma ameaça - o que continua a ser verdade hoje em Portugal com o partido de André Ventura.

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