30 de Março de 1981. Foi neste dia de há quarenta anos que um anónimo de 25 anos com perturbações mentais realizou um atentado contra Ronald Reagan, o presidente dos Estados Unidos de então. Reagan ficou ferido com gravidade, para além de mais três pessoas que o rodeavam. A ocasião em que o atentado ocorreu era pública, mas de um interesse menor, não havia uma grande audiência a seguir as imagens em directo, mas elas adquiriram um significado extraordinário depois do que aconteceu: tratava-se do primeiro atentado contra um presidente americano a ser coberto ao vivo! Ainda hoje as imagens não editadas se mostram plenas de significado, para quem as quiser ver e analisar para além do momento do disparo dos seis tiros. Depois deles, tudo acontece sem qualquer coreografia, ao som de vozes naturalmente alteradas, comece-se o destaque pelo agente que passa o tempo todo de pistola-metralhadora Uzi empunhada para enfrentar a ameaça... do que já acontecera - o presidente fora alvejado e, por sinal, já fora transportado imediatamente para o hospital mais próximo. Os outros feridos que esperassem. Aliás, o que sobrava em armamento naqueles minutos imediatos, faltava em material de primeiros socorros: a certa altura (aos 2:10) vê-se alguém pedir em voz alta se alguém tinha um lenço (handkerchief) para pensar um dos feridos no chão. E, ao contrário dos filmes, nem tudo corre bem nestas ocasiões: a porta de trás do carro da polícia onde os seis(!) indivíduos que seguram o autor do atentado o querem colocar recusa-se a abrir (2:30), e ele tem que ser transportado noutro carro da polícia. Em contraste, constate-se o profissionalismo das equipas de emergência: dois minutos e meio depois dos tiros já lá estava uma primeira ambulância! Mas, enquanto se organizam as evacuações, o cow-boy da cena é mesmo o senhor de fato e da Uzi que continua a berrar ordens (a que ninguém parece prestar atenção...), sem se aperceber da inutilidade naquelas circunstâncias do instrumento que continua a empunhar, e que me parece ser o representante de uma certa América que se consola sozinha e sem discernimento com o poder simbólico que atribui às armas.
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