17 março 2020

UMA FOTOGRAFIA DE «JOVENS COLABORADORES» DA PENNSYLVANIA COAL COMPANY EM 1911

Na época em que a fotografia foi tirada não eram conhecidos por jovens colaboradores, mas sim por breaker boys, operários entre os oito e os doze anos que faziam a triagem e separavam as impurezas do carvão extraído, à saída da mina. O recurso a colaboradores tão jovens só foi abolido na década de 1920 e sobretudo devido à imposição de leis muito estritas proibindo o trabalho infantil. A Pennsylvania Coal Company cessou a sua actividade na primeira metade da década de 1970. A expressão colaborador, contudo, só veio a merecer repercussão no século XXI, substituindo empregado, funcionário ou trabalhador, enfatizando subtilmente o empenho de quem trabalha e subentendendo, a partir desse brio, um voluntarismo e uma consonância que diluísse a conflitualidade das duas partes na empresa: trabalhadores e patrões. É verdade que as duas partes querem ver a empresa a funcionar mas, a partir daí, e a começar pelas relações de poder que se formam para que a empresa esteja aberta, o co-interesse das partes é uma pura conversa de chacha. No seu tempo, mesmo putos como estes da foto acima estiveram envolvidos em várias greves das minas de carvão.

2 comentários:

  1. Nem mais. Nem imagina como me encanita o uso da palavra "colaborador" nos tempos que correm. "Conversa de chacha", como afirma, para não dizer "conversa de merda".

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  2. É, de facto, "conversa de merda". Assim como, quando aparecem os directores de pessoal a repetirem estes mesmos eufemismos com um ar muito compenetrado, me apetece mandá-los a "esse mesmo lado".

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