07 março 2020

A CARPIDEIRA

Por muito interesse etnográfico que possa ter, a profissão de carpideira é coisa do passado. E, como acontece com as prostitutas, a nossa compreensão para com as profissionais (abaixo), não se estende às que o praticam (ao carpir público) como amadoras (acima). Ao contrário do que acontece com a profissional abaixo, que se terá mostrado inicialmente relutante para depois se entusiasmar, para a manifestação do nosso desconforto, nem será preciso questionar a veracidade dos sentimentos que são manifestados pela amadora (Paula Teixeira da Cruz) acima, admitemo-los genuínos. Mas, sendo genuínos, suponho que poderiam muito bem ter sido transmitidos directa e discretamente à família. O que não haveria necessidade era desta exuberante proclamação num jornal, num preito público que, pela redacção, parece descaradamente destinada a ser lida pelos terceiros e mais endereçado ao viúvo do que à defunta («Mas Laura e Pedro eram muito especiais.»). Ainda mais chocante do que passar-se por carpideira, é a Paula mostrar esta falta de jeito para esse papel.

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