13 de Março de 1920. Este senhor chama-se Wolfgang Kapp (1858-1922) e emprestou o seu nome a um improbabilíssimo Golpe de Estado ocorrido há precisamente cem anos em Berlim. Uma unidade paramilitar de extrema direita que fora até então empregue pelo governo recusou-se a acatar a ordem do ministro da Defesa de então para se dissolver. Mas, mais do que a insubordinação, os comandos da unidade, com cerca de 6.000 homens, resolveram mesmo depor o governo em Berlim. Ousadia que foi facilmente concretizada porque os comandantes das unidades regulares da guarnição de Berlim se recusaram a defender o governo legítimo, que teve de abandonar a capital, refugiando-se primeiro em Dresden e posteriormente em Estugarda. Mas os protagonistas do novo poder depressa se tiveram de confrontar com as suas dificuldades, pois o governo social-democrata em fuga convocara uma greve geral que foi acatada no dia seguinte por uma significativa maioria da população berlinense e das outras grandes cidades alemãs. A capital ficou sem comunicações, água, gás e electricidade e o novo governo viu-se sem condições de conseguir normalizar a situação. Houvera uma prova de força militar por parte da direita política, que fora respondida com uma prova de força laboral da esquerda política. O impasse durou quatro dias até ao governo revolucionário encabeçado por Wolfgang Kapp colapsar e o governo legítimo reatar as suas funções, depois de algumas concessões. Uma delas a substituição do ministro da Defesa. Costumo evocar aqui episódios deste género para vincar que era assim a Alemanha de há cem anos. O episódio é contado num dos capítulos do livro abaixo.
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