7 de Abril de 1968. A página 7 do Diário de Lisboa de há cinquenta anos poderá servir de exemplo académico daquilo que distingue os temas com importância jornalística dos outros temas, os que têm verdadeira importância: quase toda a página é dedicada - nos termos tradicional e sobranceiramente críticos - à cobertura do festival da eurovisão que tivera lugar na noite anterior, em Londres. O que sobrava da página, e exceptuando a publicidade (propositadamente omitida na reprodução acima), era preenchido com o optimismo de U Than (U Thant era então o secretário-geral da ONU) a respeito de negociações para o Vietname e um milionário que sucedia a Pearson, numa renhida eleição interna para a liderança do Partido Liberal que tivera lugar, também na noite anterior, em Otava, no Canadá. O "milionário" chamava-se Pierre Elliot Trudeau (1919-2000), tornava-se por inerência o próximo 1º ministro do Canadá, cargo que irá ocupar - com uma breve interrupção de um ano - pelos próximos dezasseis anos, até 1984. É, plausivelmente, o mais importante político canadiano do século XX mas "adivinhar faz falta" e, sobretudo, o que é que um político canadiano, ainda que prometedor, poderia disputar no interesse dos leitores, quando em concorrência com o «la, la, la...» da Massiel? (quem?)
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