1 de Abril de 1969. Por ocasião do 30º aniversário da vitória falangista na Guerra Civil de Espanha, o generalíssimo Franco dava uma entrevista de fundo ao jornal institucional «Arriba». Nessa entrevista pode-se ler uma passagem que se me afigura notável pela elasticidade do conceito de que algumas palavras se podem revestir: «Tanto no passado como no presente têm-se devolvido muitas fórmulas democráticas, sem parlamentarismo ou pluripartidarismo, que não são elementos essenciais». Atente-se como qualquer comunista que desconhecesse quem fora o autor da frase tenderia a concordar com ela. E Franco prosseguia «No que nos diz respeito temos por ambição fazer participar o povo nas tarefas políticas através dos meios que tornam a democracia mais ampla e sincera, mais eficiente e autêntica. Face à democracia formal opomos a democracia razoável». Aqui é que surgia a diferença: os caudilhos da Europa de Leste, em vez de "razoável", designavam os seus regimes por democracias "populares". Por supuesto, o termo não desagradaria a Marcello Caetano em Portugal, mas chega de realçar as incomodativas semelhanças entre fascismos e comunismos. É o termo razoável que aqui ofusca e que nos apetece recuperar para a situação actual e para a razoabilidade como estão a ser tratados os líderes independentistas catalães.
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