16 abril 2018

A «VIAGEM» INAUGURAL

16 de Abril de 1943. Enquanto o Mundo concentrava as atenções nos múltiplos acontecimentos militares da Segunda Guerra Mundial, na então neutral Suíça, aquele que fora o próprio descobridor da substância LSD-25, o cientista químico suíço Albert Hoffman, participava, ainda que acidentalmente, na viagem inaugural propiciada por aquela substância ao género humano. A absorção processou-se pelo contacto com a pele, apenas pela manipulação da substância por Hoffman, mas os seus efeitos foram tão interessantes que três depois Hoffman repetiu a experiência, agora ingerindo a substância. O LSD veio a revelar-se um alucinogénio fortíssimo, com um efeito cinco a dez mil vezes mais activo do que outras conhecidas substâncias naturais comparáveis, como será o caso da mescalina. A história do LSD desde essa primeira trip de há 75 anos para cá é interessantíssima, em que a sociologia predomina sobre a química, o LSD tornou-se uma substância mal amada, criticada, qualificada como droga, mas sem reunir algumas das características para tal (como a habituação), uma droga muito usada em circunstâncias inconfessáveis - pelos poderes públicos, para tentar dominar as mentes alheias, mas também pelos privados como um turbo para a sua criatividade. Albert Hoffman, que sempre defendeu a faceta terapêutica da sua descoberta, morreu em 2008, centenário: portanto, a ele, o LSD não lhe terá causado outros danos... E sinto que desiludiria alguns leitores se não rematasse este poste com o expectável Lucy in the Sky with Diamonds dos Beatles...

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